31/03/2014

Coisas boas do mês #3


Março passou a voar. Provavelmente por ter sido recheado de coisas boas.

30/03/2014

Queimada Viva - Souad

Imagina um lugar onde as mulheres são totalmente desvalorizadas e desrespeitadas, tratadas abaixo de animais. Vistas como uma espécie de lixo, podem ser eliminadas a qualquer altura e por qualquer razão sem a menor piedade, mesmo na altura do seu nascimento, caso não sejam desejadas pela família. Não têm o mesmo direito à educação que o sexo masculino, levando uma vida de escravas. São obrigadas a casar com quem a família entender, não havendo lugar para o amor. Não podem andar na rua sozinhas, mas sim somente na companhia de um homem, tendo, de qualquer modo, de caminhar de olhos postos no chão, sem sapatos que produzam qualquer tipo de ruído a cada passo.
Não precisas de imaginar. Por mais incrível que possa parecer, lugares como este existem mesmo. Um deles é a Cisjordânia, onde se desenrola a acção de Queimada Viva, um relato verídico capaz de arrepiar e de nos deixar com uma certa revolta devido a tamanha desigualdade. E ainda, no que diz respeito a nós, mulheres, consegue fazer com que nos sintamos gratas por não vivermos numa sociedade semelhante.
Aos dezassete anos, Souad apaixonou-se e engravidou, o que é considerado um crime de honra. De forma a lavar a honra da família, os próprios pais encomendam a morte da filha, pedindo a um cunhado que execute a sentença: regá-la com gasolina e atear-lhe fogo. Souad, contudo, sobreviveu milagrosamente, e, chegada à meia-idade, decide escrever o seu testemunho, apelando contra o silêncio das mulheres que sofrem com estas mesmas práticas e com a esperança de ajudar a parar tais massacres. 
Para além da sua história, Souad traz-nos o retrato de uma sociedade machista e com uma mentalidade retrógrada, que muitos de nós não achariam possível existir nos dias de hoje. Um livro forte, escrito de forma simplista, mas, ao mesmo tempo, recheado de pormenores que tornam tudo mais chocante e aterrador, de tal forma que chega a ser difícil acreditar que as pessoas que conhecemos e aquelas que nos são descritas façam, realmente, parte do mesmo mundo, ou até da mesma espécie. Um livro que, infelizmente, só existe porque a história que nos conta aconteceu realmente, apesar de custar a crer. Souad é uma sobrevivente, um exemplo de força e coragem que nos ensina que a vida é algo pelo qual vale sempre a pena lutar, pois nunca sabemos o que ainda terá guardado para nós.

Li este livro há uma meia dúzia de anos, mas escolhi-o como sugestão do mês de Março para a rubrica Blogger. Para além de merecer ser lido, fui "desafiada" a sugerir livros de diferentes géneros e, olha, Março é o mês da mulher, o que não deixa de ser uma coincidência engraçada. Como tive que escrever esta opinião para a rubrica, achei que podia também publicá-la aqui.

27/03/2014

Só fica a faltar a coragem


Na minha próxima consulta de oftalmologia - que acho que ainda está longe, mas não interessa -, vou perguntar ao médico tudo aquilo que puder (e me lembrar) acerca da cirurgia para corrigir a miopia e o astigmatismo. Por acaso não sei se ambos podem ser corrigidos em simultâneo, mas é questão de perguntar.
Comecei a usar lentes de contacto há uns três anos, pelo que a realização da cirurgia não modificaria a minha aparência. Foi precisamente devido à aparência que resolvi experimentar as lentes, e é óbvio que agora prefiro-as aos óculos. Sinto-me bonita, posso finalmente usar óculos de sol e, desde que comecei a usá-las, os meus problemas de visão mantiveram-se estáveis. No entanto, usar lentes chega a ser incomodativo. Primeiro, porque há a parte de elas "rodarem" no olho - elas têm que estar numa determinada posição de modo a que eu consiga ver tudo na perfeição, e, caso rodem, dou por mim completamente cega (isto é, a ver tudo desfocado, como se não as tivesse colocado). E isto tanto pode acontecer por levar com uma rajada de vento na cara, como também sem motivo aparente. 
Como se isso não bastasse, as lentes conseguem deixar-me um bocado limitada em determinados aspectos. Por exemplo, eu não vou de lentes para a praia - gosto de abrir os olhos debaixo de água, para além de que, se as levo, sinto os olhos muito secos. Caso alguém combine comigo qualquer coisa como ir almoçar fora ou fazer um piquenique e ir depois à praia, fico sempre reticente. Porque, se for almoçar fora ou fazer um piquenique, vou com as lentes postas, mas, se depois for para a praia, o que fazer? Das duas uma: tomar todo o cuidado quando for à água, ou levar o espelho, o estojo e o líquido atrás de mim, para poder tirá-las antes de ir para a praia. Geralmente opto pela primeira opção, mas esta não me deixa desfrutar da praia como habitualmente. Para além de não poder abrir os olhos debaixo de água e ter que evitar salpicos, estranho sempre o facto de estar a ver tudo perfeitamente. Sim, porque eu vou para a praia completamente cega, o que também é um enorme inconveniente... Óculos e praia não combinam nada, uma vez que, se os levasse, não podia estar com os óculos de sol, que são os mais indicados para se levar para um sítio destes. E eu não tenho uns óculos de sol graduados, que realmente poderiam dar um jeitão nessas situações.
E posso dar-vos outros exemplos de situações em que me sinto limitada pelas lentes. Se chego a casa morta de sono e cheia de vontade de me atirar para a cama, sabendo que vou adormecer dali a nada, não o posso fazer, pois primeiro tenho que ir tirar o raio das lentes, e só isso pode ser suficiente para o sono fugir. Se estiver em casa de alguém e se me convidarem a passar lá a noite, não o vou poder fazer, pois não tenho comigo o estojo e o líquido para guardar as lentes. Ou seja, não dá para se ser muito espontânea.
Por outro lado, se eu cumprir os requisitos para ser operada - ah pois, também tem esta -, fica a faltar-me a coragem para tal. Obviamente que não se sente nada, mas não consigo evitar ficar arrepiada ao pensar no modo como aquilo é feito.

25/03/2014

Em modo repeat #16


Ah, Pretty Reckless...já tinha saudades vossas.
E virem a Portugal, não?

24/03/2014

Três anos (e um mês!) de blog


Pois, este post devia ter sido escrito há um mês atrás. O terceiro aniversário do blog passou-me completamente ao lado, e só ontem é que me lembrei dele assim de repente, sem saber bem como. Nem sei a quantas ando; tenho andado com a sensação de que ainda é Fevereiro, ou assim, quando este mês tem passado a voar...
Bem, é isto. Já ando por aqui há três anos, e, se me mantive por cá este tempo todo, foi graças a quem por aqui passou, me deixou as suas palavras e me deu apoio, conforto e compreensão quando precisei. Obrigada por continuarem a acompanhar-me nesta "aventura", que não teria o mesmo sabor (nem teria durado todo este tempo) se não tivessem ficado desse lado.

22/03/2014

Pormenores meus


Adoro noites de trovoada. Devo ser das únicas pessoas que acham que dormir é uma perda de tempo. Acho que as pessoas que não têm hobbies são estranhas, pois nunca compreenderão a felicidade que é estar-se em casa a dedicarmo-nos àquilo que mais gozo nos dá. Detesto o sabor da cerveja. Actualmente não tenho uma banda favorita, mas já tive o meu top 3, do qual constavam Evanescence, Within Temptation e Nightwish. Já quis ter o cabelo vermelho e lentes de contacto azuis. Tenho uma certa panca por rapazes com cabelo comprido, se bem que é difícil encontrar um - a não ser que faça parte de uma banda - que tenha um cabelo realmente bonito. Os meus primeiros óculos eram redondos e faziam-me parecer uma anormal. Adoro chocolate preto. Grande parte da minha adolescência foi passada em torno de videojogos, e costumava adorar os dias de chuva para ficar em casa a jogar. Sempre estive inserida nas melhores alunas de todas as turmas pelas quais passei. Habituei-me a ser uma das nerds, mas, quando vim para a universidade, encontrei nerds bem mais nerds do que eu, e toda a sua "nerdice" passou a irritar-me. Nunca tive alguém que considerasse a minha melhor amiga, assim como acho que nunca fui considerada a melhor amiga de ninguém. Adoro nadar. Só há pouco tempo comecei a gostar de ver-me de cabelo amarrado. A única fruta que não consigo comer é banana, a não ser quando a acompanho com um pedaço de queijo. Os meus jantares aos fins-de-semana baseiam-se em coisas leves como torradas ou um prato de Nestum. Até há uns dias atrás, nunca tomara um café expresso na vida. Continuo dividida entre ficar por cá, emigrar e regressar à minha terra natal. Encaro a universidade como uma obrigação, o que me deixa receosa em relação ao meu futuro profissional. No entanto, vivo num constante estado de Um curso não dita o meu futuro. O meu grande sonho é ser uma escritora famosa e de sucesso e ganhar a vida com aquilo que escrevo. Desenho e escrevo desde miúda, e a minha evolução nestes campos deveu-se única e exclusivamente a mim própria e ao contributo que os autores que admiro me deram. Porém, nas aulas mais chatas nunca sei o que desenhar nas margens do caderno. Em criança era gordinha e resolvi emagrecer por vontade própria. Tenho medo de abelhas. Gosto de répteis. Sou insegura e não consigo valorizar-me como mereço. Nunca na vida calcei uns sapatos de salto-alto. Detesto casamentos, bailes e tudo aquilo que envolva uma indumentária mais chique. Tenho sempre que beber um copo de água antes de dormir. É raro verem-me com o telemóvel na mão, mas é habitual verem-me a ouvir música pela rua, que provém de um velhinho leitor mp3 do qual só me irei desfazer quando deixar de funcionar. Nunca gostei de poesia, pois nunca a compreendi. Não sei tocar nenhum instrumento, e arrependo-me de nunca o ter aprendido. Embora já tivesse tentado tocar guitarra e acabasse por desistir, acho que, se tivesse tido a oportunidade de aprender, teria optado por violoncelo, pelo qual acabei por ganhar um certo fascínio. Detesto o Inverno, mas adoro as bebidas quentes que me oferece. Adoro o Verão, mas detesto a obrigação de ter que me depilar quase todos os dias. Em pequena, chorava por tudo e por nada; agora, é preciso um grande motivo para deixar cair uma lágrima, que normalmente surge quando já acumulei demasiadas preocupações. Ganhei uma adoração por botas militares e por camisas. Há quem diga que devoro livros, mas não concordo muito. Não costumo expressar aquilo que sinto e tenho uma tremenda dificuldade em aproximar-me dos outros e em fazer amigos. Já várias vezes sonhei que tinha amigos novos, que depois desapareciam quando acordava, e isto quando não tenho os pesadelos sanguinários que às vezes me assombram duas vezes na mesma noite. Sempre disse que não queria ter filhos. Anseio pelo dia em que vou acabar de estudar e ter a minha própria casa. Não tenho as orelhas furadas por opção. Só vi neve uma vez na vida, e nem pude tocar-lhe por estar dentro de um autocarro. Adoro viajar, mas detesto visitar museus. Durante muitos anos, fugi de máquinas fotográficas; agora, quero capturar todas as memórias que conseguir.
E há muito mais que poderia dizer...

Texto inspirado no post do blog Calma, descontração e estupidez natural, no final do qual a autora desafiou os seus seguidores a escrever um semelhante. E, agora, desafio-vos eu.

21/03/2014

Porque escrever correctamente só fica bem


Faz-me um bocado de confusão ver alguns colegas a escrever tão mal. Não sei se é por já estar habituada a ler coisas escritas de maneira correcta - de forma a "passar-me" com erros ortográficos ou frases mal estruturadas -, ou se por este meu "choque" ser devido ao facto de as pessoas em questão já estarem na universidade e de algumas delas até serem mais velhas que eu. É que não são só alguns erros ortográficos ou frases mal estruturadas. Até acho que o que mais me chateia é a falta de pontuação. Parece que não sabem usar vírgulas e escrevem sempre para a frente. Houve até uma vez em que uma dessas pessoas estava a ler a minha parte de um trabalho e me perguntou por que é que eu tinha posto um ponto e vírgula em determinado sítio. Eu nem soube o que lhe responder. Vírgulas, pontos e vírgulas e pontos saem-me como que intuitivamente...quer dizer, a sério, como é que se explica a alguém onde é que se colocam essas coisas? Ainda para mais a alguém universitário... Parece, sei lá, que não têm cuidado nenhum em escrever, que só querem despachar aquilo sem se importar com coisas básicas como pontuação, erros e variar nas palavras... Lá por não se estar num curso de letras ou em nada relacionado com isso, não quer dizer que não se escreva bem. Acho isto um tanto ou quanto inadmissível para estudantes universitários, ou então sou eu que sou demasiado picuinhas e que já mantenho uma relação bastante duradoura com vírgulas e pontos e vírgulas. Também não quero ser uma espécie de polícia da gramática e estar sempre a chamar a atenção - dizer constantemente Olha, isso não se escreve assim, Olha, falta ali uma vírgula, Mete vírgula aí, Agora é parágrafo, e etc. consegue irritar qualquer um (eu incluída), para além de transmitir a imagem de chata. Mas, realmente, casos destes não devem ter os melhores exemplos no que diz respeito a escrever mais correctamente. Basta olhar para alguns dos nossos professores, que escrevem mal que se fartam - e parecem nem dar por isso.

19/03/2014

Do dia do pai


Eu podia vir aqui escrever um texto todo sentimentalista sobre o meu pai e dizer, no fim, que é o melhor pai do mundo. Mas não o posso fazer, pois o meu pai está longe de ser o melhor. O meu pai sempre foi ausente, casado com o trabalho, chegando a haver dias em que nem sequer o via. Ausência esta que começou a ser cada vez mais frequente, a partir do momento em que passou a viajar em trabalho aos fins-de-semana, o que acabou por me deixar habituada ao facto de ele raramente estar por perto. O meu pai praticamente não me conhece, e, com ele, não tenho a mesma confiança e à-vontade que tenho com a minha mãe. O meu pai é uma pessoa com a qual não dá para contar, e depois quer que eu esteja sempre disponível para qualquer coisa. O meu pai parece que só se apercebeu que eu existia quando saiu de casa - "convenientemente", quando eu já estava crescidinha -, e parece agora achar que pode recuperar o tempo perdido. O meu pai parece esquecer-se que, embora eu viva com a minha mãe, não é só ela que tem que fazer tudo por mim - não tem que ser sempre ela a pagar todas as consultas às quais eu tenha que ir, não tem que ser apenas ela a pagar a renda do apartamento da cidade académica e a dar-me dinheiro para eu poder comer, nem tão-pouco devia ser ela a pagar as minhas propinas e as viagens de avião na íntegra, que antes eram a dividir pelos dois, mas que, de há uns tempos para cá e por um motivo que eu ainda não consegui entender, tem sido assim. E, apesar disso, está sempre pronto a ligar-me a mim ou à minha irmã para irmos comer fora. Parece que é apenas para isso que nos sabe telefonar, como se não tivesse grande responsabilidade sobre nós.
O pior de tudo é saber que sempre será assim. Que nunca terei uma família dita "normal", com uma figura paterna por perto, e que, mesmo quando já tiver a minha independência, terei que pensar em coisas do tipo Hoje vou estar com a minha mãe e amanhã com o meu pai, revezando-me como um objecto e sendo obrigada a estar com um em detrimento do outro, ou obrigada a cancelar determinados planos, passando sempre dois Natais diferentes e etc., em vez de apenas um, um com a família inteira. Gostava mesmo que ele tivesse sido diferente e que as coisas tivessem seguido outro rumo.

17/03/2014

Revoltas de pseudo-escritora


Fico feliz enquanto escrevo, e tenho, até, andado entusiasmada com o meu próprio livro. No entanto, ao mesmo tempo, não deixo de ficar triste quando vejo serem publicados livros com aspectos semelhantes ao meu. Claro que as histórias nunca serão iguais e a minha terá sempre algo que as outras não têm, mas é aquela sensação de não se conseguir ser cem por cento original que me invade.
Imaginemos que eu estava a escrever uma história sobre...sei lá...lobisomens, pronto. Imaginemos que eu divido os lobisomens em dois grupos e que existem batalhas entre eles. Imaginemos ainda que esses lobisomens coexistem com outros seres e que não existem segredos quanto à sua identidade. Isto seria apenas o background de determinado enredo. Agora imaginemos que é lançado um livro cuja história se insere numa sociedade de lobisomens dividida nos mesmos dois grupos. E que depois vem outro livro de outro autor em que existem dois grupos de lobisomens que lutam entre si por qualquer motivo. Como eu sou apenas a novata que ninguém conhece, que escreve só para si e que, para publicar um livro, parece que será preciso um milagre, estas coisas dão a sensação de que eu não consegui ter as minhas próprias ideias e que as fui roubar a outros livros. Quando, na verdade, já as tenho na cabeça há não sei quanto tempo, mesmo antes desses outros livros terem sido publicados. Ideias essas às quais ninguém tem acesso porque, das duas uma: ou ainda não acabei de escrever, ou ninguém está interessado nelas.
É que isto pode ser só o princípio de uma espécie de praga. Imaginemos que as histórias dos lobisomens começam a virar moda (nem sei se alguma vez foram moda, mas isto é só um exemplo), tal como houve a moda dos vampiros e como agora há a moda horrorosa dos romances eróticos. Se isto acontece, estou tramada. Isto porque as pessoas vão logo dizer Pfff, mais um livro de lobisomens, e põem-no de lado.
Detesto estas coisas. Pelo menos tenho algo a que me agarrar: acredito na minha ideia, e ainda não saiu um livro com uma história igual à minha. Caraças, era mesmo o que faltava...acho que cortava os pulsos caso isso acontecesse.

15/03/2014

Pequenas coisas


Como é bom acordar cedo sem se ser obrigado, tendo apenas como motivação o desejo de aproveitar bem o dia. Ver que o céu está limpo e que o sol brilha lá fora. Vestir uma roupa mais fresca. Olhar no espelho e gostar daquilo que vejo. Caminhar na rua a um passo descontraído, com a música de que gosto a ecoar-me nos ouvidos, tornando-me imune aos sons da cidade. Sentir o calor do sol a afagar-me o rosto, e, ao mesmo tempo, uma brisa suave e refrescante. Encontrar peças de roupa perfeitas. Pecar um pouco no que diz respeito à alimentação. Ouvir, de repente, uma música que adoro e que já não ouvia há tanto tempo - e constatar que ainda sei a letra de cor -, que preenche o espaço à minha volta com ondas de nostalgia. Regressar a casa e reorganizar o guarda-fatos: despedir-me finalmente do Inverno e dar as boas-vindas ao bom tempo. Dar os retoques finais num desenho. Sentar-me junto à janela a escrever, perdendo-me no meu próprio mundo. Para terminar em pleno, ver alguns episódios de uma série que sigo religiosamente, acompanhada por uma caixa de chocolates. Sou capaz de me habituar a dias assim, relaxados, sem qualquer preocupação e recheados de pequenos pormenores que tornam tudo tão belo.

12/03/2014

Pensar no futuro



Não gosto de pensar no que está para vir. Nem de fazer planos a longo prazo. Nem tão-pouco de pensar nas escolhas que fiz e que me trouxeram até aqui. São coisas que me deixam chateada e confusa depois de perder muito tempo a pensar nelas, para além de não me fazerem chegar a nenhuma conclusão. Porém, ultimamente, tenho dado por mim a pensar mais no futuro. Talvez por saber que, daqui a um ano, estarei a estagiar e ainda não saber onde me meter. Talvez por as minhas cadeiras este semestre apresentarem-me um leque de possibilidades para quando sair daqui. Talvez por as pessoas começarem a fazer-me mais perguntas sobre o que quero fazer quando acabar de estudar e para onde quero ir. Talvez por tudo isto ao mesmo tempo.
O meu problema é precisamente não saber nada. Não sei para que área me irei debruçar, nem onde me irei instalar. Nem o que fazer quanto ao estágio. Aliás, eu nem sei como funciona o estágio. Não há nada que ambicione...nada a que eu diga Sim, é mesmo isto que quero fazer. Na verdade, sempre foi assim.
Apesar de o meu curso ter diversas saídas, quem não está por dentro do assunto associa-o logo a apenas uma, a mais conhecida de todas. Honestamente, ao longo destes semestres, vim a descobrir que não quero nem por nada enveredar por essa saída. O trabalho parece aborrecido e complicado e requer grande paciência, e eu acho que não tenho perfil para o exercer. Por outro lado, oferece a uma pessoa a regalia de trabalhar por sua própria conta, e, como tal, ter o seu próprio horário e tirar férias quando bem lhe apetecer, para além de ser muito compensador em termos monetários. Ora, não me venham dizer que o dinheiro não é tudo e/ou que não traz felicidade. Dou-vos um exemplo: viajar traz felicidade. Para viajar, é preciso dinheiro. Logo...
Mas é a tal coisa: acho que não teria perfil para trabalhar nessa área, já que prefiro ter o mínimo contacto possível com os outros - bicho do mato, o que é que se pode fazer... E, como tal, restam-me as outras áreas todas, e, até agora, não houve nenhuma que se destacasse. E qualquer uma dessas outras não traz consigo as mesmas regalias. Mas traz um ordenado fixo ao fim de cada mês, mesmo que se tenha passado o tempo todo a pastar.
Como se esse dilema não bastasse, há depois a questão de para onde ir. Seja em termos de estágio, seja depois. Há uns tempos, escrevi um post (*AQUI*) a dizer que preferia continuar por cá, em vez de regressar à minha terra natal. No entanto, sempre que regresso a casa, sinto-me...em casa. É com aquela gente que eu me entendo, e torna-se difícil imaginar viver num lugar onde não possa saborear as iguarias típicas que já se tornaram insubstituíveis, onde não tenho o mar e dezenas de praias tão perto de mim, onde não possa ver a minha família frequentemente... Mas, por outro lado, não vou ter locais novos para explorar aos fins-de-semana. Não vou ter muitas das lojas de roupa às quais gosto de ir e que não existem lá. Não vou ter cafés giros tipo Starbucks ou Moustache. Não vou ter bons concertos - se bem que a maioria das bandas de que gosto percorre a Europa toda à excepção de Portugal, sejamos sinceros. Não vou ter eventos giros como a Feira do Livro de Lisboa. Nem sequer a Fnac. Ou...mais coisas das quais não me consigo lembrar agora.
Este tem sido o meu dilema desde meados das últimas férias, e o pior é que parece que mudo constantemente de opinião, dependendo da pessoa com quem falo acerca do assunto. E não sei por mais quanto tempo continuará a perseguir-me. Sempre demorei imenso a tomar grandes decisões. O problema é nunca saber se estou a tomar a acertada. Penso sempre no que poderia ter acontecido caso tivesse optado por outro caminho, que, na altura, podia nem ter passado pela minha cabeça. Mas isto já é assunto para outro post.

09/03/2014

Coisas boas do mês #2


Não, não me esqueci do pequeno exercício que me propus a realizar no final de cada mês. Não, também não me esqueci que tenho um blog. Simplesmente surgiu um (belo) imprevisto que me impediu de cá vir mais cedo. Mas aqui estou eu novamente - se bem que ninguém deve ter sentido a minha falta -, e começo, então, por recordar o que aconteceu de bom no mês passado.