21/07/2015

Trilogia do Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien

Esta é uma história que dispensa apresentações, embora, no meu caso, que nunca tinha visto sequer os filmes antes de resolver pegar nos livros, tivesse necessitado delas. Juro que não sabia do que a história tratava, tirando a parte de envolver uns anéis quaisquer, e que era uma perfeita naba no que dizia respeito ao universo onde se desenrolava. E foi precisamente o facto de ouvir falar tanto nela e de me sentir uma completa ignorante sempre que ouvia falar sobre ela - nem que fosse só uma pequena referência - que me fez ter uma enorme vontade de ler estes livros.
Antes de ler esta trilogia, contudo, li O Hobbit, e acho que fiz bem. Fez todo o sentido lê-lo em primeiro lugar, uma vez que se trata da história que antecede O Senhor dos Anéis. Para além de ter ficado familiarizada com as personagens que surgem na trilogia, de ter percebido como o anel foi parar às mãos de Bilbo e de ter tido um pequeno vislumbre da Terra Média, ter lido O Hobbit fez com que entendesse as diversas referências que a esta história são feitas na trilogia. De outro modo, ter-me-iam passado ao lado, e até se tornou engraçado notá-las. No entanto, notei, n'O Hobbit, uma escrita um bocado estranha e à qual não estava habituada, e isto deixou-me um pouco de pé atrás quanto ao facto de me querer embrenhar n'O Senhor dos Anéis. Mas, assim que comecei a ler as primeiras páginas do primeiro volume da trilogia, fui agradavelmente surpreendida pelo modo como estavam escritas. Foi como se Tolkien tivesse crescido em termos de escrita, mas quem sou eu para o afirmar. Na verdade, acabei por saber que O Hobbit tinha sido escrito especialmente para crianças, e esta deve ser a razão pela qual o modo como está escrito ser diferente do d'O Senhor dos Anéis, que já não era dirigido a um público tão jovem. Também por esta razão, foi bom ter começado a ler os livros por esta ordem, porque, se fosse ao contrário, estaria, agora, chocada.
Se havia outra coisa que me deixava de pé atrás, essa "outra coisa" prende-se com o facto de se tratarem de livros que já contam com umas boas décadas, e, portanto, estava com algum receio do tipo de linguagem que neles estaria empregue. No entanto, fui, mais uma vez, surpreendida pela positiva. A linguagem é completamente acessível, e o modo como está escrito não é nada de outro mundo; aliás, à medida que me embrenhava na história, esquecia por completo a idade dos livros e sentia-me como se estivesse a ler um livro que tinha sido escrito há pouco tempo. Por vezes, os poemas e as canções, que surgiam aqui e ali, eram capazes de me irritar um bocadinho, não só por não gostar de poesia, mas por se ter perdido muito com a tradução (as rimas, por exemplo, deixaram de existir devido à tradução), o que tornava a leitura mais aborrecida, pelo menos para mim. Optava por ler aquilo mais ou menos na diagonal, para não "sofrer" tanto e uma vez que não se perdia grande coisa se não entendesse os poemas - e eu sou péssima a entender e a interpretar poemas. Mas, de um modo geral, estava tudo muito bem escrito e fácil de entender. Alguns diálogos remetiam mais para épocas passadas, mas não tropecei em palavras complicadas, e, tirando isso, foi como se, tal como já disse, estivesse a ler um livro actual.
E uma das coisas que mais gostava de ler eram as descrições dos lugares. As descrições são maravilhosas; fizeram-me imaginar lugares mesmo bonitos. Mesmo que não fossem bonitos, o modo como eram descritos era, por si só, bonito, e isto porque eram, frequentemente, usadas comparações e metáforas nas descrições, que são o suficiente para embelezar um texto.
No que diz respeito à história em si, adorei o primeiro livro. Acho que já disse por aqui no blog que o meu género de livros favorito é precisamente este, em que as personagens têm como missão chegar a determinado lugar mas que, para isso, têm que fazer uma longa viagem, previamente planeada, durante a qual passam por imensos lugares, tão diferentes entre si, conhecem outras personagens e são forçados a superar obstáculos que surgem no caminho. O primeiro volume é aquele que mais aventura traz, e mais aventura significa mais lugares fantásticos e mais peripécias, daí que o tenha adorado completamente. Fiquei fascinada pela história, pelas personagens e pela própria Terra Média, e acho que a coisa terminou mesmo bem, porque o facto de as personagens se terem separado aguçou-me a curiosidade para o que se iria passar com cada uma. 
O segundo volume começou bem por causa disso, pois seguiam-se umas e outras e via-se os seus caminhos a cruzarem-se e descruzarem-se, e dei por mim ansiosa pelo momento em que se reencontrariam. No entanto, a segunda parte deste livro tornou-se aborrecida, uma vez que se concentrava apenas na viagem de Frodo e Sam, não havendo, por isso, mudanças em termos de personagens, de rumos e de objectivos. Esta segunda parte arrastou-se durante algum tempo, e mais aborrecida teria sido se não fosse Gollum, com o qual ainda dava para rir um bocadinho. Contudo, perto do final, a coisa volta a tornar-se interessante. Apesar de tudo, o segundo volume foi o de que menos gostei.
Já o terceiro voltou a ser fantástico. A história desenrolou-se a um ritmo semelhante ao do volume anterior, em que cada capítulo seguia personagens diferentes, uma vez que se haviam separado novamente. Mas foi muito mais entusiasmante do que dantes - ou então era eu que estava mais entusiasmada -, talvez devido à guerra iminente e àquela coisa do E agora? Será que vão mesmo chegar a tempo?. E ler sobre a guerra em si não foi tão monótono e confuso como estava à espera, muito pelo contrário: foi algo dinâmico, uma vez que os pontos de vista mudavam constantemente, e deu para perceber tudo na perfeição. Gostei especialmente dos saltos no tempo, do facto de se voltar ao passado para se perceber como uma outra personagem viveu um mesmo acontecimento já descrito. Até o final foi interessante, porque eu pensava que, depois de cumprida a missão, não aconteceria mais nada, mas eis que fui surpreendida. Fui capaz de prever o derradeiro final através do título do último capítulo; no entanto, gostava de ter sabido mais a respeito do destino de cada personagem. A história mostrou como uma viagem e o acto de se sair da nossa zona de conforto podem mudar uma pessoa para melhor, coisa que já não é novidade nenhuma, por, hoje em dia, se ouvir falar tanto acerca disto, de que a magia acontece fora da nossa zona de conforto. Também este pensamento tão actual fez com que sentisse que estava a ler um livro relativamente recente.
De um modo geral, fiquei encantada. Já há muito que queria ler esta trilogia, e todas as minhas expectativas foram superadas. Adorei, e mal posso esperar por ver, finalmente, os filmes - se bem que já sei que vou chorar por dentro quando acabar o último, por já não ter mais para ver, tal como aconteceu com O Hobbit e com o Harry Potter.
E não posso deixar de terminar este post sem mencionar algo engraçado com o qual me deparei ao longo dos livros. Há uma banda chamada Battlelore - que eu costumava ouvir, mas que, agora, só ouço uma música ou outra -, cujas letras são inspiradas nos livros de Tolkien e fazem, portanto, referências à Terra Média. E foi super engraçado ler determinadas coisas e lembrar-me das músicas deles. Do género: ler Torre da Lua e lembrar-me da música Moontower ou ler Última Aliança e lembrar-me de que têm um álbum chamado The Last Alliance. Mas a melhor teve a ver com: Na Terra de Mordor onde moram as Sombras. Em que a minha reacção foi mesmo esta: Isto em inglês fica "In the land of Mordor where the Shadows lie"... Where the Shadows lie! É o nome de um álbum de Battlelore!. Enfim, só mesmo comigo.

3 comentários:

  1. Tolkien é dos meus escritores preferidos! Sou fã do senhor dos aneis desde os 13 anos e também li primeiro o Hobbit :)

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  2. É normal teres sentido a diferença na escrita. O Hobbit foi uma história que eles escreveu para crianças :p Começou a escrevê-la para o filho e o miúdo gostou tanto que levou para a escola. Só depois disso é que Tolkien viu ali potencial :)
    Eu li a trilogia com 13 anos, mas na altura a biblioteca da escola não tinha o hobbit por isso o primeiro livro que li foi o volume 1 d'O Senhor dos Anéis. Adquiri recentemente a trilogia e O Hobbit - uma edição lindíssima! - e vou reler nestas férias (vou tentar vá!).
    Desde que tive conhecimento desta história que sou apaixonada pelo mundo de Tolkien.

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  3. Volteeeeii!! O que posso dizer? Tinha saudades ^^ E muito obrigada =)
    Ainda não li os livros de Tolkien, porque sei que preciso de estar com determinado estado de espírito (assim mais "peace like") para os ler, coisa que ainda não aconteceu. Mas conheço o universo, não só porque vi os filmes, mas também porque o Moço é mega fã! No entanto, ainda me aventurei a ler "O Silmarillion" e adorei as primeiras 60 páginas - as únicas que consegui ler porque estava em época de testes e não me conseguia dedicar plenamente à sua leitura. não vou voltar a cometer esse erro: quando recomeçar, vou primeiro ler "O Hobbit", depois a trilogia de "O Senhor dos Anéis" e só depois "O Silmarillion". Como disse, essa 60 páginas foram idílicas para mim, não há outra forma de o descrever ^^
    *****

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