31/08/2015

Uma carta a futuros amigos

À primeira vista, posso não parecer muito boa pessoa. Ou uma pessoa muito interessante. Posso falar pouco ou estar a maior parte do tempo calada num primeiro contacto. Posso parecer antipática, mas tentarei sorrir ocasionalmente para não o parecer, embora nunca ninguém me tenha dito que era o contrário, simpática. Mas as coisas podem mudar, se quiseres conhecer-me. Se o tema da conversa me interessar, se puxares por mim e se fizeres com que me sinta à-vontade na tua presença, posso vir a falar mais. Aliás, se eu falo pouco não é por não gostar de o fazer. Gosto de conversar, sim, apenas preciso do tema certo e da pessoa certa. Não costumo participar, por exemplo, em conversas acerca de política ou sobre coisas tristes. Mas gosto de falar sobre muitos outros assuntos, especialmente acerca das coisas boas da vida. Gosto de conversas que me façam rir, sim, e confesso que também gosto de alguns mexericos, mas prefiro aquele tipo de conversas mais profundas. Posso, por vezes, guardar as minhas opiniões para mim mesma, com receio do que poderás pensar - é algo do qual me arrependo, quando vejo que acontece. E acho que não sou muito boa a meter conversa, a não ser que já te conheça minimamente bem. Caso tenhamos gostos em comum, posso tornar-me chata a ponto de te perguntar se gostas de determinada banda, se vês uma certa série ou se já leste determinado livro, e posso dar-te sugestões sem que sequer mas peças. Sou capaz de te fazer companhia enquanto esperas pelo autocarro para te levar a casa. Sentirei que te estou a chatear quando te enviar uma mensagem a propor que nos encontremos de novo, mas, ao mesmo tempo, sentirei que é sinal de que gostei de estar contigo. O que também me levará a pensar que só eu gostei da tua companhia e que, para ti, não foi grande coisa e podias passar muito tempo sem me ver. Se não me pareceres interessado/a em ver-me novamente, é provável que deixe de tentar combinar alguma coisa contigo nos próximos tempos, a não ser que nos encontremos por acaso e a frase Devíamos combinar qualquer coisa! vier à baila. E, se gostar da tua companhia, estarei disponível para qualquer programa. Apenas, por favor, não me peças para ir a alguma discoteca ou a algo do género. Gosto muito mais de um café, de me sentar numa esplanada ou num sítio acolhedor para podermos lá ficar a conversar durante o tempo que quisermos. Mas é claro que poderemos fazer muitas outras coisas, como dar um passeio, ir às compras, à praia, ao cinema, enfim, as possibilidades são inúmeras. Só não contes com discotecas, e, caso o proponhas e eu recuse, não desistas logo de mim. Poderemos tirar fotografias juntos/as, sim. Gosto de fotografias. Posso parecer um tanto ou quanto insensível, especialmente por não ser uma pessoa calorosa, mas isso não quer dizer que não possa compreender os teus sentimentos ou que não me importe. Considero-me, até, uma boa ouvinte, pelo que, comigo, poderás desabafar, até porque, mesmo que não seja a melhor conselheira do mundo - que não sou -, acabarás por te sentir mais leve. Sei guardar segredos e estarei disponível para te ouvir. Afinal, não tenho uma vida assim tão ocupada. Não te pressionarei a falar sobre o que não quiseres, mas gostaria que visses em mim uma pessoa com quem podes contar e em quem podes confiar. Até porque eu também lutei por ti e sinto-me bem em gastar parte do meu tempo contigo. Vou preferir que me chames à razão na altura certa, em vez de saber, por terceiros, que falaste sobre mim nas minhas costas. Sou apologista da sinceridade, e já me disseram que a minha sinceridade excessiva é uma das coisas que me afasta das pessoas e que faz com que tenha poucos amigos, embora eu não ache que seja tão sincera quanto isso. Posso, contudo, dizer certas coisas sem pensar, por vezes, mas não o faço por mal. Apoiar-te-ei em tudo aquilo a que te propuseres, e espero que faças o mesmo comigo. Espero não ser sempre eu a lembrar-me de ti, e que, de vez em quando, te lembres também de mim e que não passemos tanto tempo sem nos falarmos. Não estou, porém, habituada a perguntar às pessoas, de vez em quando, como estão ou o que têm feito, talvez por pensar que estarei a incomodá-las com este tipo de coisas ou por achar que não terão interesse em saber destas mesmas coisas no que respeita a mim. No entanto, se tu, de vez em quando, me mandares uma mensagem para saberes como estou, telefonares ou falares através do Facebook ou do Skype só para conversarmos um bocado e sugerires que nos encontremos de novo, vou querer preservar a tua amizade a todo o custo e tornar-me-ei igualmente chata - no bom sentido. Embora necessite dos meus momentos a sós, como sei que tu também necessitarás, dificilmente te irei largar, já que os amigos são algo raro na minha vida. Depois não digas que não te avisei.

30/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #8

- Sair de casa, durante a tarde ou à noite, só para ficar numa esplanada a conversar. Seja com pessoas que vejo todos ou quase todos os dias, seja com alguém com quem já não estava há algum tempo;
- Relembrar a mim mesma como é bom andar de bicicleta, depois de tantos anos sem o fazer - a ponto de achar que já não sabia andar numa;
- Rir durante um serão a ver episódios ou um filme que assim o obrigam;
- Dedicar os dias chuvosos às minhas actividades favoritas: ficar descontraidamente a ler, desenhar e ficar feliz com o resultado, deixar as palavras fluírem naturalmente enquanto escrevo no silêncio do meu quarto.

28/08/2015

Só um pequeno update...

Já falta pouco menos de duas semanas para estar despachada da defesa. Se, por um lado, o aproximar da data me deixa nervosa, estou, por outro, inquieta para ter isto feito e pelas férias que vou ter depois.
No que diz respeito à defesa, só treinei a apresentação completa apenas uma vez. Terminei com dez segundos a mais do tempo limite, e acho que vinte minutos é muito pouco tempo para uma apresentação deste tipo, pois acho que vai obrigar-me a falar depressa demais, e eu, quando apresento trabalhos depressa demais, fico com a sensação de que ninguém está a perceber o que estou a dizer. Fiquei com menos receio da minha arguente quando soube através de um colega que ela preocupa-se mais com a estrutura do trabalho do que com o próprio conteúdo, se bem que isto pode não acontecer com toda a gente. Uma colega perguntou-me se podia assistir à minha defesa, porque tem a mesma arguente do que eu e quer ver ao certo como é que ela é. Eu preferia não ter assistência, mas penso que não me importaria se alguém da minha família ou se o meu namorado assistisse. Mas lá tive que dizer à rapariga que não havia problema.
Na semana que vem, já vou estar em Amesterdão. Por enquanto, e curiosamente, não estou assim tãããoo ansiosa, talvez porque o Verão está a acabar de uma forma demasiado deprimente, com chuva e céu cinzento, e quero poder dar pelo menos mais um mergulho no mar antes de me ir embora. Ou talvez por causa da aproximação do dia D. A verdade é que esta última semana passou rápido demais, o que não devia ter acontecido, pois esta tem sido, de facto, a semana mais deprimente das minhas férias. Por causa do tempo, pois.
No entanto, pareço estar mais preocupada com a viagem do que com a defesa, pois até já andei a fazer uma listinha de coisas a fazer antes de ir e de coisas que não me posso esquecer de levar, ao passo que não voltei a treinar a apresentação completa da tese, por falta de paciência.
Mas estou particularmente ansiosa pelos dias que se seguirão à defesa. É que parece-me que vou ter umas férias bastante prolongadas, durante as quais há muita coisa que quero fazer - e espero conseguir fazê-las todas.

26/08/2015

Escrito por mim #4

Assim que o céu e o mar se tornaram negros e a sua cauda se tornou na única fonte de luz de que dispunha, Nae constatou que era hora de regressar a casa. Agarrou no seu pote de barro, e, antes de ir, perdeu algum tempo a observar a praia, na qual, como em tantas outras noites, reluzia uma fogueira, e diversos seres que habitavam aquele lugar estavam reunidos à sua volta. Chegaram-lhe aos ouvidos algumas vozes a entoar uma canção que lhe era desconhecida, assim como alguns risos e aplausos. Depois, Nae acabou por despertar, decidida a focar-se naquilo que tinha que fazer. Mergulhou num mar escuro e silencioso e nadou para longe da praia, próxima dos recifes de coral adormecidos e sem sinais de vida, com a luz esverdeada, emanada pela sua própria cauda, como companhia.
Após passar o campo de recifes, Nae chegou à planície arenosa que se estendia por quilómetros infindáveis até chegar a qualquer lugar sobre o qual não tinha conhecimento algum. Ao ver-se totalmente sozinha, sem nada em seu redor para além de areia e de água e sem ouvir um único som, como se o tempo, subitamente, tivesse parado, Nae fechou os olhos, pensou em casa e sussurrou as palavras mágicas.
A areia agitou-se, como se, naquele lugar líquido e inóspito, fosse possível haver vento, o mesmo vento que Nae gostava de sentir quando ia à superfície, fresco e revigorante. Abriu os olhos, vendo o próprio cabelo igualmente agitado à sua volta e a areia a movimentar-se, como que sujeita a uma tempestade, para revelar uma passagem em forma circular. Quando esta adquiriu dimensões suficientes para que Nae pudesse passar através dela, nadou ao seu encontro, ignorando o vento ilusório e a areia que se agitava, e entrou. Imediatamente, de forma demasiado rápida, a passagem fechou-se sobre a sua cabeça.
Percorreu a nova planície de areia branca que se alastrava por poucos metros, limite do mundo subaquático onde vivia. Todas as noites, era recebida pelas gigantes anémonas luminosas que ali se haviam fixado e que a ajudavam a iluminar o caminho até casa. Assim que a planície chegou ao fim, Nae meteu-se no buraco na parede rochosa que lhe barrou o caminho, e encontrou-se num lugar com mais vida e mais luz. O lugar a que chamava casa, onde viviam tantos outros seres como ela, com os seus navios naufragados a servirem de locais de convívio, os seus templos limpos e elegantes que encerravam mistérios, as torres com os seus contornos definidos, as grutas que conduziam a outros lugares e a chamavam constantemente para a aventura. Mas Nae ignorou-os a todos e dirigiu-se à pequena aldeia, povoada por casas de pedra, em direcção à qual outras sereias nadavam, prontas a dar o dia por terminado.
A grande concha que lhe servia de cama abriu-se assim que entrou em casa, convidando-a a descansar e a usufruir do seu conforto. Nae deitou-se, rendida, sem saber bem por que se sentia cansada e a necessitar de limpar a sua mente. Foi quando pousou o pote de barro ao seu lado que se lembrou do que teria que fazer no dia seguinte; que se lembrou de que o que teria que fazer no dia seguinte era aquilo que queria esquecer por mais algum tempo.

23/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #7

Fotografia da minha autoria.
Deitar-me debaixo de uma árvore a ler.
Desfrutar da sua sombra fresca num dia de calor e do sossego de um parque.
Observar as borboletas e os pássaros em voo.
Apreciar a vista, com o mar e a serra em plano de fundo.

21/08/2015

Facto #31

Não costumo mostrar o melhor de mim quando conheço uma pessoa. E isto faz com que elas, ao primeiro contacto, não tenham uma boa impressão a meu respeito. Retraio-me um bocado com pessoas novas, e só passado um tempo - leia-se: só depois de vários contactos posteriores - é que começo a sentir-me mais à vontade. E é aí que a opinião delas sobre mim muda.

20/08/2015

Mundo cão

Eu pensava que, depois de terminar o curso e de começar a trabalhar, podia levar uma vidinha descontraída, sem pensar em estudar mais, em tirar especializações, em frequentar aqueles cursos de X semanas e tudo o resto. Chamem-me ingénua. Afinal, parece que as pessoas, a sociedade, o mundo, tudo nos incute uma espécie de necessidade de fazer mais, dizendo-nos que não podemos parar. Porque temos que ser sempre melhores do que os outros, temos sempre que nos destacar dos outros. Temos que passar por cima dos outros...
E, depois, parece que damos por nós a fazer determinadas coisas não apenas porque as queremos, mas também - e principalmente - para estarmos um passo à frente dos outros.
Que mundo competitivo. Acho isto tão horrível, tão mesquinho.

18/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #6

Mergulhar e nadar no mar depois de uma semana sem ir à praia.
Porque só o facto de ir à praia deixou de ter importância. Aquilo que realmente me apetece e que me faz realmente falta é tomar banhos de mar. É algo que, nos últimos dias, quase que se tem tornado numa necessidade, de tão bom que é.

17/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #5

Fotografia minha.
Aproveitar o Verão da melhor forma: passear em lugares que me são desconhecidos, apreciar as paisagens e desfrutar da paz e da tranquilidade que a natureza proporciona.
Em suma: continuar a armar-me em turista na minha própria terra.

16/08/2015

Inveja...

...é aquilo que sinto quando sei que mais um colega defendeu a sua tese e já se licenciou.
Quem me dera ter também já tudo despachado...

15/08/2015

So there's this bitch...

Ainda há pouco tempo vi uma fotografia antiga dos meus pais. Achei que estavam tão giros naquela foto. E felizes. Pensei em como teria sido bom se as coisas se tivessem mantido assim. Isto é, se não tivesse aparecido uma cabra para estragar tudo. Já lá vão uns dez anos, talvez, mas é-me praticamente impossível não pensar nisto - em como tudo seria melhor se ela não existisse - de vez em quando.
A parte boa é que é raríssimo o dia em que a vejo, tanto que, às vezes, chego a esquecer-me de que existe. No entanto, quando acontece encontrá-la, ver a sua cara de sonsa é suficiente para me estragar o dia. E pior do que ver a sua cara de sonsa é ter que a aturar quando decide abrir a boca. É que a cabra não tem moral alguma para falar, e muito menos tem o direito de falar daquilo que não sabe ou como se fosse a dona de tudo. Eu ignoro-a sempre, e a atitude dela costuma ser tão baixa e tão reles, que nem me dou ao trabalho de lhe responder, já que isso seria descer ao seu nível. Nunca tive qualquer interesse em conhecê-la, e não é agora que o vou ter, até porque, quanto mais tempo passa, mais a detesto. Porque, quer dizer, ela destruiu a minha família. Vou ser simpática com esse tipo de gente? Só para agradar ao meu pai? Nunca. Eu nunca o consegui perdoar até hoje - é claro que ele continua a ser meu pai e que continuamos a falar um com o outro e a fazer coisas juntos, mas nunca lhe perdoarei o facto de ter deixado a minha mãe por causa de uma cabra reles -, daí que nunca simpatizarei com a causadora de tudo isto. Ela pode chamar-nos, a mim e à minha irmã, de tudo o que quiser e dizer, nas nossas costas ou mesmo à nossa frente, tudo o que quiser, que nós estamos a borrifar-nos completamente.
Nunca irei perceber que raio passou pela cabeça do meu pai para trair-nos desta maneira. Nem consigo perceber como é que o amor entre duas pessoas pode desaparecer assim de repente. Compreendo que a rotina pode ser capaz de "apagar a chama", mas essas duas pessoas, ao verem que tal está a acontecer, não deviam fazer alguma coisa para dar a volta à situação e voltar a "reacender a chama"? E a amizade entre elas não devia permanecer, mantê-las unidas e manter as coisas minimamente estáveis?
Não percebo. E tudo isto revolta-me. 
Tenho tentado manter as energias negativas longe daqui, mas, ontem, passei-me um pouco e tive que vir aqui despejar.

11/08/2015

"Lá fora é que é"

O meu pai adora empurrar-nos para o estrangeiro. Enquanto estive na faculdade, falou várias vezes sobre o Eramus, mas isso foi algo no qual nunca tive grande interesse. Quer dizer, mais ou menos. Quando ouvia as pessoas a falarem sobre a sua experiência, ficava, às vezes, com um certo bichinho. Mas, passado um bocado, já tinha esquecido o assunto e pensava Nah, deixa-me estar aqui quietinha. É que uma das coisas que fez com que não quisesse fazer Erasmus foi o facto de ir para outro país por minha conta, sozinha. Nunca me senti completamente integrada num sítio, e pensava que, se não me integrara na minha faculdade, também não me iria integrar noutro país, ainda para mais tendo em conta que o pessoal de Erasmus parece viver para as festas e para a bebedeira, coisa que faria com que me sentisse uma outsider, como habitualmente. Depois ainda havia a questão do procurar casa, da língua e das despesas - nunca percebi se davam bolsa, mas, mesmo que o fizessem, a bolsa não dura para sempre, e eu já estava a dar demasiada despesa à minha mãe (especialmente) por estar longe de casa. Para além disso, eu até considerava que estava a fazer uma espécie de Erasmus, já que saíra de uma ilha para ir para o Porto e só ia a casa e via a família quando estava de férias.
Hoje, o meu pai voltou a puxar o assunto Erasmus, desta vez direccionado à minha irmã, já que agora foi ela começou a faculdade e é agora ela que o pode fazer. Lá mandou a boquinha de me ter dito isso imensas vezes e de que eu nunca tinha concorrido, como se tal fosse uma experiência imperdível que certamente me enriqueceria enquanto estudante, mas a verdade é que, se fosse algo que eu quisesse mesmo ter feito, então teria feito, e não deixaria que a barreira do ir-sozinha-e-não-me-integrar me travasse.
Mas lá por eu estar prestes a acabar a licenciatura e a deixar de ser estudante, não quer dizer que ele não possa continuar a empurrar-me. O facto de eu ter dupla nacionalidade faz com que ele insista imenso nesse assunto: que vá para fora, que faça uma especialização ou pós-graduação ou lá como se chama, ou mesmo que faça um estágio. É claro que eu, quando começar a trabalhar, quero marcar pela diferença e destacar-me dos meus colegas de profissão por fazer algo inovador. Acho que é o que qualquer um quer, aliás. O meu pai falou-me, hoje, sobre isso, tal como outras pessoas já mo disseram. De tal maneira que a coisa já me entrou na cabeça. A questão é sempre como o hei-de conseguir.
Pois o meu pai lá me deu uma boa ideia - e ele raramente tem boas ideias. Mas só o facto de ir para fora completamente sozinha - aproveitando a dupla nacionalidade, claro, que ele tanto gosta - é demasiado assustador para mim.
Não deixo de reconhecer que poderia ser uma experiência fantástica, tal como foi a minha experiência enquanto estudante deslocada no Porto, para o qual também fui sozinha e no qual não precisei de me sentir integrada para o adorar. Mas, mesmo assim, não deixa de ser assustador. Seria como ir para outro mundo. Dar-me-ia conhecimentos tão diferentes e regressaria com uma nova visão acerca das coisas, mas não deixa de ser assustador.
Seja como for, por enquanto só consigo pensar em ter a minha licenciatura e em fazer parte da Ordem. As pessoas adoram pôr as carroças à frente dos bois, mas eu nunca gostei de pensar no futuro mais distante, nem nunca fui boa a fazer planos a longo prazo.

10/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #4

Via We Heart It.
Ficar a escrever até às duas da manhã, no silêncio do meu quarto, sem incómodos e sem grandes bloqueios.

07/08/2015

Escrito por mim #3 - parte 5 (última)

 Parte 4 AQUI.

Dez aflitivos minutos mais tarde, Lu entrou no seu prédio e lançou-se pelas escadas acima até ao segundo andar. Entrou no seu apartamento, e só se sentiu absolutamente aliviada quando acendeu a luz, fechou a porta atrás de si e viu tudo tal como havia deixado. Aquele pequeno cantinho tornara-se no seu porto seguro, um lugar onde sentia que nada nem ninguém a podia magoar, nem mesmo os perigos que chegavam com a noite.
Lu pousou a mala no sofá, e, imediatamente, todo o seu receio se dissipou, dando, de novo, lugar às memórias daquela que se tornara numa das melhores noites da sua vida. Sentindo uma ligeira pontinha de fome – e nem uma de cansaço –, dirigiu-se à cozinha. Preparou uma taça de cereais e sentou-se descontraidamente numa das cadeiras, com os joelhos contra o peito e a tigela entre as mãos. Demorou-se a comer, apreciando cada colherada até ao último floco de cereal. E, a cada nova colherada, ao mesmo tempo que o delicioso sabor do chocolate se instalava lentamente, Lu dava por si a sorrir de um modo sonhador assim que as lembranças voltavam à tona. Sentiu-se como uma adolescente apaixonada, a reviver o mesmo momento na sua cabeça vezes sem conta com sorrisos parvos que surgiam inesperadamente, porque o rapaz por quem tinha uma paixoneta secreta reparara nela por fim. Mas Lu tinha perfeita noção de que já não era uma adolescente, e de que aquela era apenas uma paixoneta platónica e inocente que toda e qualquer pessoa podia ter por uma celebridade. E, também, de que nunca mais voltaria a ver Spencer, ainda que a canção que ambos haviam partilhado dissesse o contrário – uma promessa de que voltariam a encontrar-se, algum dia.
Lu perdeu a noção do tempo, mas, fosse como fosse, não tinha nada para fazer e, no dia seguinte, não tinha uma hora exacta para acordar. Ainda com a tigela de cereais entre as mãos, bocejou depois de engolir a última colherada, sinal de que o seu corpo esperava por algum descanso. Levantou-se, colocou a tigela no lava-loiça e encaminhou-se para o quarto.
Ao abrir a porta, deparou-se com o quarto escuro e com o namorado já deitado, a dormir tão profundamente, que nem reagiu à sua presença. A sua primeira reacção foi de um leve sobressalto, que, depois de passar e de Lu se lembrar a si mesma que não viva naquele apartamento sozinha, fez com que ela suspirasse e fechasse a porta com todo o cuidado atrás de si. Devido ao facto de estar tão habituada a viver a sua vida sem lhe dar grandes satisfações e sem ter a sua companhia muitas das vezes, Lu esquecera-se completamente de Diogo. Contudo, não sentia qualquer vestígio de arrependimento daquilo que fizera – ou mesmo pensara –, e estava determinada a não deixar que ele, alguém que parecia já não lhe dar o devido valor, estragasse o que lhe restava da noite e apagasse as maravilhosas recordações que esta lhe proporcionara. Como tal, Lu optou por ignorá-lo, e contornou a cama para se deitar no lado que lhe estava reservado, agindo como se Diogo não estivesse ali. Pousou o telemóvel na sua mesa-de-cabeceira e usou-o para servir de lanterna enquanto vestia os pijamas. Depois, deitou-se, dando-se por satisfeita por Diogo não estar a ocupar mais de metade da cama e por ela conseguir ter algum espaço.
Para sua felicidade, Diogo não acordou. Aquilo que Lu menos queria naquele momento era sentir os seus braços à sua volta ou responder a perguntas. Naquela noite, Lu só queria adormecer a pensar em Spencer.

Assim termino o texto que, há uns meses atrás, me senti tão inspirada a escrever. O texto que servirá como prólogo ou como primeiro capítulo de algo maior, se resolver andar com esta história para a frente. Apesar de a ter delineado totalmente na minha cabeça - como faço sempre, antes de começar a escrever qualquer coisa -, ainda não sei se, de facto, irei continuar com ela ou não. Seja como for, tenho outra pendente.
Queria agradecer a todas as meninas que leram e comentaram as diferentes partes deste pequeno texto. Não estava nada à espera de um feedback tão positivo e que me pedissem para publicar mais. Significou muito para mim.
Novos textos irão surgir ocasionalmente. Não acerca da Lu e do Spencer, porque disto não tenho mais nada para mostrar, mas sim passagens de histórias que já tenha terminado ou que ainda estão a ser escritas.

06/08/2015

O aparelho e eu

- Desde que comecei a usar aparelho, tornei-me numa lesma a comer. Não tem nada a ver com ter qualquer tipo de cuidado por causa dos ferrinhos; simplesmente, já não consigo comer tão rápido;

- E parece que só o acto de mastigar cansa-me, pelo que ganhei preferência por comidas que não me obriguem a mastigar muito;

- Sou obrigada a lavar os dentes antes de dormir para depois bochechar o elixir, e isso é algo que me aborrece um bocado, já que, às vezes, estou cheia de sono e ansiosa por me meter na cama, mas depois lembro-me de que tenho que lavar os dentes primeiro;

- Parti o escovilhão que me deram no dentista no dia em que me puseram os ferrinhos. Ainda estou para perceber como isso aconteceu;

- Não como sandes à dentada desde que me puseram isto na boca, a não ser que sejam de pão de leite. O que é péssimo, já que as sandes são aquela coisa óptima para desenrascar quando não se sabe o que comer e são aquela coisa que abunda no Verão;

- Só consigo comer pão se o partir a meio e comer cada metade individualmente. E é assim que tenho comido o pequeno-almoço, o que até nem é assim tão mau, já que, desta forma, como o dobro da quantidade de queijo que normalmente comia;

- Mas enfurece-me e entristece-me o facto de não poder comer uma mísera sandes durante os próximos meses (ou anos!). Ou mesmo uma fruta à dentada;

- E esta é outra coisa que faz de mim uma triste: comer ameixas, nectarinas, pêssegos e tudo o resto num prato, de garfo e faca;

- Dores e incómodos fazem parte do dia-a-dia, sendo raro o dia em que me sinto completamente bem. Se não é o arame a arranhar-me a bochecha, lá atrás, é o bracket de um dos dentes da frente a arranhar-me a parte interna do lábio; se não é isso, são os dentes da frente que me doem;

- E isto é extremamente irritante porque, quando tive aparelho pela primeira vez, não sentia tanto incómodo. Aliás, acontecia precisamente o contrário de agora: era raro o dia em que o aparelho me incomodava;

- Mas, quando saio do dentista, está tudo bem. O problema é quando vou comer. Só aí começam as dores e os incómodos;

- Por causa disso, já gastei toda a cera (que é uma coisa que se mete por cima dos brackets quando estes estão a magoar) que me deram no dentista. E o aparelho ainda não tem três meses;

- E ainda não tenho os ferros nos dentes inferiores. Portanto, quando tiver é que vai ser mesmo bonito.


Em suma: estou a ficar bem farta desta porcaria. Onde eu me fui meter...!

05/08/2015

Em modo repeat #27


Fiquei completamente rendida ao mais recente álbum do Steven Wilson.
Conheço esta personagem por ser vocalista de uma banda de que gosto, os Porcupine Tree, mas ele tem outros projectos para além deste, entre os quais os Blackfield, que é outra banda de que gosto. Nunca tinha ouvido nada dele enquanto artista a solo, mas apaixonei-me por este álbum. Em especial, pela música que aqui publico. É caso para perguntar a mim própria por que raio nunca tinha ouvido isto antes.
E tem graça que decidi ouvir este álbum por saber que ele vai actuar em Portugal poucos dias depois da defesa da minha tese. Resultado: ouvi-o, gostei tanto e comecei a ponderar ir ao concerto. Mas só aí constatei que o dito cujo é em Lisboa. Apenas. Mas, quem sabe... É que não me importava mesmo nada.

04/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #3

Encontrar coisas fofinhas nas lojas da baixa.
E, depois, descer até à avenida principal e comer um delicioso gelado artesanal à beira-mar.
Como eu adoro tardes assim...

03/08/2015

O dia D (de defesa)

Já está marcado. A poucos dias do regresso da viagem a Amesterdão, mas não há-de ser nada. Pelo menos não é logo no dia a seguir ao regresso, pelo que vou ter uns diazinhos pelo meio para descansar e rever todo o meu discurso de apresentação. Há que ver este lado positivo. Este, e o facto de que, depois da defesa, vou ficar no Porto durante uns diazinhos. E vai ser tão bom, já que estes dias vão ser como que umas férias merecidas em que não vou fazer mais nada para além de passear e de comer coisas boas.
Hoje comecei a fazer o PowerPoint, e acho que durante esta semana consigo terminá-lo. Depois, vai ser só treinar a apresentação. E vou treinar tanto, a ponto de já saber tudinho de cor e salteado antes de ir para Amesterdão. Só não gostei de quem escolheram para minha arguente, mas isso também não há-de ser nada.

02/08/2015

Mais de 1000 razões para ser feliz #2

Acordar cedo, vestir uma roupa prática, preparar umas sanduíches, pôr a mochila às costas, calçar as sapatilhas, sair da cidade e partir à aventura.