24/08/2017

Escrever sem parar

Costumava escrever sem parar.
Escrevia sem parar quando ligava o computador e acedia ao Blogger. Escrevia no meu blog e escrevia quando comentava as publicações de outros bloggers, cujos blogs gostava de acompanhar porque o seu conteúdo me agradava, porque gostava mesmo de os ler. Ler essas publicações, deixar um comentário nalgumas delas e escrever as minhas próprias publicações era das coisas que mais gostava de fazer depois de chegar a casa da faculdade.
Também escrevia sem parar fora do Blogger. Escrevia as minhas histórias, aquilo a que chamava de "os meus livros". Era o meu passatempo preferido, e, atrevo-me a dizer, uma das minhas paixões. Publicar essas histórias em formato de livro e ser escritora a tempo inteiro era aquilo que mais queria. Era o meu maior sonho, por mais absurdo, ridículo, infantil e impossível que possa parecer. Estava disposta a tanto para o conseguir.
Agora, o meu blog está ao abandono e não toco nas minhas histórias há quase um ano.
Já não me reconheço. Já nem sei se gosto de escrever. Acho que já não tenho esse sonho, sequer. Parece, aliás, que nunca o tive. Aquela parte de mim que era apaixonada pela escrita, que a ela dedicava tanto do seu tempo de alma e coração e que tanto sonhava em fazer disto a sua vida, parece ter desaparecido. Parece ter morrido. Às vezes, num brevíssimo momento de um dia melhor, dou por mim a querer fazê-la regressar. Pois até, talvez assim, eu consiga regressar a mim mesma. Mas, outras vezes, pergunto-me se valerá a pena. E a resposta é sempre a mesma. Não. Para quê? Mais do que morta, essa parte de mim parece estar bem enterrada. O trabalho tirou-me tudo isto. A depressão tirou-me tudo isto. 
Já não consigo escrever, quanto mais escrever sem parar.